Insanidade

Eu não posso continuar com isso

Com tanta esperança

Com olhar de criança

E com as mãos em varal

Esperando ventos e gestos

Eu não posso perpetuar essa espera

Com tanta angústia

Encharcada de melancolia

De tristeza fonética

Ou de lirismo mortal

Eu não posso ver e continuar a querer

O simplesmente impossível

O inatingível

O inalcançável

Umbral do que poderia ter sido.

Mas não foi.

Outras escolhas traçaram o mapa.

Outas opiniões pintaram o quadro.

Outras pessoas habitaram o

paraíso e o inferno.

Não tenho a força de antes

E nem sei se quero a força

Se tenho a poesia

Se tenho a sutileza

das reticências

Que rimam

com as reminiscências

Eu não posso fingir

Que o tempo não existiu

E retirou de nós

O lugar, estória

E o enredo.

O script já fora escrito.

Lemos e gaguejamos

Erramos

E continuamos

num protagonismo solitário

e sobrevivente.

Encontrei esquecido

O rascunho

Onde fomos felizes

Mortalmente atingidos

por nossa insanidade.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 25/06/2013
Código do texto: T4358355
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