AMNÉSIA DA MISÉRIA

AMNÉSIA DA MISÉRIA

Dos beiços que bramem voz da mioleira

Nervos psicopatas comandam gestos

Estrumados nos açougues da existência

Expõem a amorfia ubíqua dos corpos

Nos reflexos narcisísticos da guapa caveira.

Sorriem cáries nos dentes luzidos em restos

Incha na boca a língua o mascar da violência

Do carnívoro à mesa, comendo como porcos

As vísceras reagem no estômago vinagrento

Às irmãs salivadas em gulosar indômito

E vem da laringe ao esôfago a azia do vômito...

... Na anfigonia de um humano virulento.

Na elementar necessidade de propagação

Espectros antegozam o sêmen da aberração

Na criopreservação de óvulos imorigerados

Constroem o medonho orbe dos viciados

Onde o futuro será um passado presente.

Pústula maligna, poeta dos meus aneurismas

Da placenta! Réu confesso do indecente

Vejo a realidade afogada noutros prismas

Na epopéia de báquicos semeando virtudes

E da sobriedade, virgem de mais malucos.

Quando as carnes descobrirem seus ossos

O teu conúbio com a terra gerará parasitas

E num eclipse, enterrará suas magnitudes

No apocalipse da vaidosa ereção de eunucos

Saboreiem o doce neuroplasma dos insossos!

As obscuras merecem essas gentes esquisitas.

A morte é um ato hediondo de vida

Onde tornará ao estado de antimatéria

E nada mais levará na despedida,...

Que a amnésia do seu convívio com a miséria.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 21/06/2013
Código do texto: T4352553
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