RUMOS E RANÇOS
RUMOS E RANÇOS
Manchas, marcas, cicatrizes
Tempos, momentos, passagens
Numa vida sem raízes
Curtida em muitas paragens
Recordações sem saudades
Mentiras e algumas verdades
Nenhuma delas sagradas
A maioria profanadas
Retratos em molduras
Um x de alegria
Tristezas puras
Longos e intermináveis dias
Dores lancinantes
Gargalhadas em rompantes
Nada mais será como antes
Nos quartéis de Abrantes
Foi-se a esperança
Tida quando criança
Nas sofridas e marcadas cãs
Não há prenúncio de amanhãs
Cada dia é um dia
De duração infinita
Há que ter galhardia
Para não se afogar na pia
No branco encardido da impotência
Deita a maledicência
Contra tudo que respira ou não
É pedra moída no coração
Ah! Maldito que não leva
A alma de vez para a treva
Se é que ainda existe
Espírito neste triste
Caminha para a cova
Não há música nem trova
Apenas esqueleto recoberto
De algo vivo, mas incerto
Não há ressurreição a vista
Não sai incólume da existência
São muitos os ferimentos
Demasiados são os tormentos
Vade retro seu humano inepto
Podre a caminho do pó
Sempre estivestes só
Da vacuidade fostes adepto