TEMPERO

Metade do que me corre
 Pelas veias esticadas,
É sangue puro e espesso,
A outra metade, é água.
Dentro do meu pensamento,
Metade é um barulho intenso,
Que não descansa nem cala;
A outra metade, é nada.
 
Das estrelas onde procuro
Nas noites desembestadas
A tua metade perdida
Que completa a que me falta,
Uma parte é uma estação,
E a  outra, um longo trilho
Onde nunca está seguro
O trem que a memória assalta.
 
Assim, sou feita de carne,
Pele, osso, sangue, órgãos,
E de uma alma de gaze
Lacerada por um rasgo
Que nem o tempo costura
Com as linhas já partidas
Do que chamam sanidade.
 
 
images+%252823%2529.jpg
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 11/06/2013
Código do texto: T4336356
Classificação de conteúdo: seguro