Sem Rumo...
rasgo a poeira do tempo
no momento oportuno
importuno o escuro
dos meus pensamentos
tormento...
tormento!
giro a manivela da vida
sofrida, garrida de flores
amores, odores que lembram
bolores dos meus pensamentos
passados,
passados,
passados!
corro pelas asas do vento
cantando os versos diversos
gigante universo
reversos e inverso
o verso do verso
transcrito ao avesso
travesso
adoeço
febril enlouqueço
e esqueço
esqueço,
então!
rasgo a seda do riso
e fico, improviso
cansada, um risco
rabisco um cisco
obtuso, confuso,
robusto
na menina dos olhos do meu
coração...
falo calada, meu grito abafado
sentido, suado, tristonho, fugaz,
de tempos sonhados,
quimeras riscadas
rascunhos de giz
no assoalho das ideias
e eu que sonhei
enfim acordei
que pena, chorei...
saudades do sonho que não realizei!
mas saiba caríssimo
nem todo aluado
tem juízo alugado
ou usa-o como sola dos pés...
nem toda loucura tem procura de sanidade, pois o que é sobriedade senão o intervalo do porre!
Feliz aquele que enlouquece, pois por ventura se esquece do que nunca deveria ter lembrado de fazer, para não se arrepender!
se não entende, enlouqueça: cresça e apareça, esqueça sua conveniência e se convide a dança pelo chão!
Amém!