O Passáro Cativo
[Dan Cruz]
Num galho, onde vive o fruto da solidão
Mora uma ave, esperando voar entre os céus
Na esperança de aprender a superar a escravidão
Bate asas em busca do infinito
E derrepente escuta um grito
É capturada por uma gaiola, por um caçador aflito
E teus pedidos de socorro não são atendidos
Busca por algo que não sabe, algo perdido
Triste ave, presa entre grades
Quando poderás voar de novo numa tarde?
Sozinha, em grades de ouro, não tem vontade de cantar
Hoje é mais um dia, sem vida
Daqueles que ela nunca quis experimentar
Ela fala, os humanos que não podem escutar
Mas agora serei a voz dela, e irei te falar
Presta atenção que você tem que escutar:
"Eu não quero teu alpíste, nem viver numa prisão
Não quero teu ouro, teu dinheiro, teu alimento não
Não quero tuas verdades, covarde
Que se limita a querer em toda parte
Não quero viver em sua gaiola
Pois teu ouro falso não me consola
Não quero aprender verdades em escolas
Por que cargas d´águas você acha que tem o direito
De afundar tudo aquilo que eu sinto em meu peito
Por que achas que não posso voar, eu posso ir
Tenho asas e você não tem o direito de me impedir
Pois nasci da Terra, e da Terra eu sou
Sou das arvores,não nasci para experimentar a dor
Sou do mar, sou do vento, e do verde, sou a cor
Mas ei!Será que você não entendeu
Eu sou livre, porque você me prendeu?
Você escutou, a porta bateu
Tá na hora de me libertar, se não faze-lo, farei sozinho
Acharei um jeito para seguir meu caminho
Não adianta me trancar, por que eu tenho mais
Não quero viver trancado, e viver em paz
Quero voar, voar entre o céu aldaz
Pois sou feito das coisas dele e do chão
Sou ave, de asas, querendo viver, ser uma continuação
Quando respeitar minha vontade
Você terá o respeito que quer
E espero que não seja tarde
Te amaldiço-o pobre covarde humano
Terás a vida tão pobre, e me verás cantando
Pois ninguém irá me prender, nem mesmo reis
Não ficarei aqui trancado, e não seguirei suas leis
Eu sonho, entre as noites frias
E te digo, vou me libertar algum dia
Pois minha vontade, me move, é a minha energia"
E assim disse o passáro da Terra
Que algum dia aposto
Que ainda voará entre cerras.