AVE SEM NINHO- o andarilho

AVE SEM NINHO- o andarilho

Buscar no espelho o olhar do passado,

Interrogar a moldura de confusos abstratos,

Regressar às lembranças...começo de estrada,

Perder-se nas sombras de velhos retratos.

Ser um menino correndo com o vento...

Olhar de inocência, devorando ansiedades,

De "nascença" sem data, e destino sem chão,

Buscas confusas, irremissíveis vaidades.

Desfaz-se das preces, ateu, um herege ,

A estrada, seu mundo, o acolhe, o abriga...

Livre, errante, ave migratória, andante!

No mutismo se tranca...íntimas intrigas.

Vida sem enredo...acasos, o medo,

O pão dormido com sabor de lua,

Rotinas de sede, de fome amanhecida,

De atalhos, andrajos, sobejos de rua.

O escuro do “eu”perdido, sem volta,

Gélido e cruel relento de amarguras,

Nos trapos se agasalha com alma ferida,

Restolho de vida...de frios e pauras.

Do livro poeira e flor vol II

EGÊ VALADARES
Enviado por EGÊ VALADARES em 18/05/2013
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