AVE SEM NINHO- o andarilho
AVE SEM NINHO- o andarilho
Buscar no espelho o olhar do passado,
Interrogar a moldura de confusos abstratos,
Regressar às lembranças...começo de estrada,
Perder-se nas sombras de velhos retratos.
Ser um menino correndo com o vento...
Olhar de inocência, devorando ansiedades,
De "nascença" sem data, e destino sem chão,
Buscas confusas, irremissíveis vaidades.
Desfaz-se das preces, ateu, um herege ,
A estrada, seu mundo, o acolhe, o abriga...
Livre, errante, ave migratória, andante!
No mutismo se tranca...íntimas intrigas.
Vida sem enredo...acasos, o medo,
O pão dormido com sabor de lua,
Rotinas de sede, de fome amanhecida,
De atalhos, andrajos, sobejos de rua.
O escuro do “eu”perdido, sem volta,
Gélido e cruel relento de amarguras,
Nos trapos se agasalha com alma ferida,
Restolho de vida...de frios e pauras.
Do livro poeira e flor vol II