Monocotiledôneas em transe
Monocotiledôneos em transe
A brisa dizia coisas ao coração da árvore
Que ventava folhas sobre o gramado;
Que, verdinho, ainda nem era outono,
Nem sabia das coisas de inverno frio.
Meus passos singravam seivas elaboradas;
O pensamento era verde cana,
Meio amarelado pelo sol;
O musgo esperava a chuva calmamente;
Meu corpo sentia insetos borboleteando
O dia das centopeias griladas,
Enquanto o tempo era calafrios de escuro.
Eu, monstro sagrado da razão, não medrava.
Em um lapso, milhares de olhos me fitavam
Biodiversificando minha presença.
Quantos pensamentos não caíram
Sob os meus passos calados e insensíveis...
Irreverentemente o sol derrotava
Os cogumelos sem dó nem piedade;
Alguns nem tinha enlouquecido cientistas,
Outros já haviam sido bebidos pelos loucos.
Dentro do sangue eu ouvia o amanita matutino
Que descortinava tudo ao meu redor,
Zerramalheando as celebrinas bioluminescentes
Dos vaga-lumes sonolentos que esperavam a noite.