Monocotiledôneas em transe

Monocotiledôneos em transe

A brisa dizia coisas ao coração da árvore

Que ventava folhas sobre o gramado;

Que, verdinho, ainda nem era outono,

Nem sabia das coisas de inverno frio.

Meus passos singravam seivas elaboradas;

O pensamento era verde cana,

Meio amarelado pelo sol;

O musgo esperava a chuva calmamente;

Meu corpo sentia insetos borboleteando

O dia das centopeias griladas,

Enquanto o tempo era calafrios de escuro.

Eu, monstro sagrado da razão, não medrava.

Em um lapso, milhares de olhos me fitavam

Biodiversificando minha presença.

Quantos pensamentos não caíram

Sob os meus passos calados e insensíveis...

Irreverentemente o sol derrotava

Os cogumelos sem dó nem piedade;

Alguns nem tinha enlouquecido cientistas,

Outros já haviam sido bebidos pelos loucos.

Dentro do sangue eu ouvia o amanita matutino

Que descortinava tudo ao meu redor,

Zerramalheando as celebrinas bioluminescentes

Dos vaga-lumes sonolentos que esperavam a noite.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 16/05/2013
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