Hormônios

Digo ou não digo o que penso?

Penso ou não penso o que digo?

Se num esforço inconcebível

Exprimir o impossível

Será ou não factível

Mesmo sendo exeqüível

Essa missão impossível?

Dívida cruel a da dúvida

Pecha péssima a má fama

Amálgama que me magoa

Ante a antagônica trama

Que hora me faz a cama

E por outra diz que me ama

Relato sincero o hiato

No meu trato nesse espaço?

Ou me furto noutra feita

De novo sonegando o fato?

Há de haver mais substrato

Destarte meu embaraço

Para decidir se caço ou traço

O desenlace do laço

Sem enlaçar-me no extrato

Do epicentro em que passo

Meu moral já cabisbaixo

Decidir que esse nitrato

Foi ácido para o meu baço

E pra não dar mais vexame

Vou parar com a rima infame.