Valores sem juízo

Perdoem-me os praticantes dos casos pensados

Os científicos

Os cerebrais

Os aparentemente coerentes que com os seus jeitos decentes

Todos muitos condizentes, mas que me deixam descompensado

Desculpem essa minha impulsividade

O destempero inapropriado, ingênuo e visceral

Essa praga comportamental

Que tem na situação pontual

A exposição fatal das minhas fragilidades

Ignorem os meus clamores

As revoltas

As sensibilidades que captam os odores das impessoalidades

E as vivências que detectam egoísmos

Em nome do sucesso pessoal que me são tão insuportáveis

Desconsiderem os conceitos meus que os humanizariam

Em detrimento desses seus interesses

Somente confessáveis graças ao pragmatismo cínico

Cuja moral questionável, mas eficaz

Podem me tirar a paz sem que lhes cause dano

Considerem-me apenas um pouco insano

Defasado, superado, desarmônico

E que tudo se deve a estes meus anos

Que me tornaram anacrônico na arte do sucesso

Que na verdade jamais deu certo por isso não tenho planos