O Ar do Precipício

Um abismo enorme é o que vejo daqui.

Tudo é verde e o chão está há milhas daqui .

Já não é mais só verde, os troncos das árvores são marrons.

Uma distância enorme entre as nuvens do céu e a terra do nosso planeta.

E eu entre essa distância,, não sei se estou mais próxima da nuvem ou da terra.

Só sei que noto também outras cores, são os frutos das árvores.

E não posso colhê-las, elas me fogem, estou muito distante

para poder arrancá-las das árvores e embrulhá-las no céu de minha boca.

E meu corpo balança, ou treme?

Vai ao alto e volta abaixo. Já não existe um único lugar.

Meu corpo levita. O precipício é enorme. E imagino uma cama elástica embaixo.

Deve haver um lugar para que eu pouse meu corpo sem asas.

Não vou cair porque me guardo de tropeços exasperantes.

Porque prefiro ficar em um rumo e outro.

Porque tudo no mundo está entre cordas que balançam sem parar.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 04/05/2013
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