NOS VARAIS
Roupa estendida nos varais
Muito de mim...muito de nós
Varais, pedaços de sonhos
de sóis, de ais
Sonhos abissais
Varando punhais
Quarando saudades
Deixando levar lembranças
De uma vida vivida
De forma tão hermida, hermética
com pudor, sem ética
Que nem vale a pena guardar pó nas vestes
Nos lençóis de cetim
Sujos de boca marfim
Que a água limpa, mas fica marcado
Pra lembrar, pra doer, pra viver
Lembrar o resto da vida
Roupas estendidas
Pedaços de vida de todas as cores
Claras, escuras, neutras e nuds
denunciando a nudez de corpos que um dia se amaram
Cores de vários matizes
Dias sombrios, outros felizes
Varais de lençóis molhados
Precisa de vento pra secar
Antes que o coração seque o que cultivou
Roupas soltas ao vento
Ao relento, na noite escura
Espera pelo dia que traz sol e esperança
Varais abissais de sonhos desfeitos
Nos leitos encontro de amor
Outras vezes desencontro corpo e alma
Desencanto.... mas se deixa ficar
pra não ficar só.
Varais lembranças
De tantos ais divididos
Gritos e sussurros na madrugada
O gosto de mel bebido, lambido
O gosto de fel sentido pela solidão exposta
Por quem não quer se mostrar,
mas escancara nos varais
Mostra a cara que se mostra
Se desnuda em sedas e véus
E se deixa ficar ao vento
Levado pra lá e pra cá...ao léu
Sem paragem
Sem lugar pra ficar.
Apenas fincado em algum lugar
( Vera Helena)
Vitória/ES – Em 24/04/2013 –