Flashes felizes

Há sempre uma chave por dentro da gente

Sensível a um toque de alguma corrente

Que fica escondida enganando a mente

De quem lhe persiga ansiosamente

Está desligada mais frequentemente

Do que gostaríamos assim mais recorrente

A chave e a corrente quando se encontram

Tão rapidamente que nem se registra

Ficamos somente com a esperança

Que isso aconteça infinitamente

Porém tal fantasma que só deixa pista

É reflexo raro que escapa da vista

Quase nos esquecemos daqueles instantes

De estado de graça algo estonteante

É uma felicidade sem a consciência

Ligação do nada com a nossa carência

Que em vão procuramos após o ocorrido

Qual o ponto que pode ter interrompido

E certa tristeza de não ter conosco

Um prolongamento a mais daquele gosto

Como fora um peixe num voo momentâneo

Sobre o universo claro além das superfícies

Como se o fôlego de ser feliz fosse curto

Obrigando aos retornos escuros e medíocres.