Um dos lados

Do meu lado cético e racional

Não há nada que seja sobrenatural

Nada que prometa, que cumpra, remeta...

Milagres ou algo além que eu mereça

De bom que aconteça

Um vento especial

Esse meu lado só conhece a luta

Visões matemáticas

Pragmáticas, a labuta

Sem glamour de coisas das auras douradas

Um sexto sentido

Um bom presságio, um aviso... Nada.

Minha face carente é sempre munida

Das vicissitudes e batalhas da vida

De exemplos de pares que desencantados

Só falam ou calam nas adversidades

Sem as esperanças messiânicas dos místicos

Nem a confiança que as coisas existam

A minha metade que arde inocente

Procurando as causas sempre tardiamente

Sucumbe sem rumo que não seja seco

Concreto, inclemente

Consequência e origem nas coisas da mente

Que nunca transcende dos fatos da gente

Mas essa metade também às vezes cansa

E cede terreno à desconfiança

Que sua solidão é dura demais

E deixa espaço quando em seus cochilos

Flutua para o lado como num exílio

Até novo toque que a vida lhe trás.