Aos loucos
É que no silêncio existem vozes
que se calaram.
Existem medos
que se acomodam.
Existem sombras
que jamais deixam a penumbra.
No silêncio, no canto da sala,
na gaveta trancada.
Existem segredos intocados.
Existem palavras jamais mencionadas.
Sentimentos castrados que sangram.
E, em sua hemorragia fatal descansam no esquecimento.
Essas vozes que foram caladas.
Pela violência ou leniência
dos que se omitem...
Dos que subtraem presença
com mansidão ou parvoíce.
Os loucos decifram os silêncios.
Os loucos enfrentam os medos.
Os loucos eliminam as sombras.
Mesmo que a luz traga a cegueira
E o espanto.
Só os que ousam enlouquecer
Conseguem plena leitura cursiva
da realidade mundana.
E são loucos pois abortaram
violentamente
todos os limites.
Meu profundo respeito aos loucos.