PALAVRAS DE POESIAS

Ainda que guardadas no âmago um dia elas virão ao mundo do concreto

As palavras somem e apressadas voam em guinadas sem asas

Pelo calabouço de nossa cabeça alada

São nuvens espessas de letras

Como gotas anis no grande oceano do elétrico pensamento

Quais hóspedes ligeiros

O que seria da vida sem o hospedeiro?

Há um tempo em que choramos as lágrimas

Mais também há um tempo reverso

No anverso da medalha

Em que as lágrimas talhadas choram por nós

Cada dia uma página virada e ficamos com os detalhes

Retalhos bifurcados que levam uns para o bem outros para o mal

E pensar que um passo dado a saudade volta dois

E um dia que chega na ponte do horizonte fica inversamente menor

E altera sutilmente o eixo do universo e sua inviolável geometria

Sua completude me faz muita falta

Há um espaço faltando no meu labirinto sagrado

Teu triangulo cabe direitinho dentro do meu quadrado

Tu és a diluição mágica de minha alquimia

Às vezes a prisão está por dentro da gente

Somos cárcere e carcereiro ao mesmo tempo

Em empedrados nós que não desprendemos

Porque não aprendemos a perdoar

A doar o alivio que no peito aperta a dor de se reter o ar

Que devemos com o máximo cuidado soltar

Não aprendemos a desaprender

Por isso acumulamos brinquedos de peças quebradas

Conheço cada átomo a quedar de teu corpo

Que me reconstrói e me consome na enseada

O teu corpo é eterno como a cadencia do mar

Como paginas de um livro que vai e vem pacientemente

Passa anos e suporta este movimento

Sem nada precisar se não da terra molhada

Já o fogo precisa se alimentar se não ele morre e padece com fome...

Como laminas do amor perscruto teu recôndito

Mais a distancia destrói aquilo que dilatadamente nos remoi

O remorso é a saudade dos desgraçados

A culpa é o hímen complacente dos condenados

O próprio homem é o seu mais brutal predador

Possui garras que outros não têm! O desamor

Feitas de pólvoras que só os demônios os segredos contem

A vida é esse abismo esta vastidão de formas e contornos

Tu grudas em minhas lentes e em meu entorno

Tu me olhas de lado e eu te olho de frente

Sou volta sou estorno sou acalanto

Sou tão pouco é vós é tanto escuta a maciez do meu canto

Que se perde na densa floresta como um raio de sol pela fresta

A flor roxa repousa mesmo sobre tua coxa

Suavemente essências de rosas petaladas

Metamorfoseiam-se em estrelas notívagas

E saindo da minguante se transformam

Em vitoria régia aberta no céu e que agora é lua cheia

Tão cheia de calda que me lambuzei de estrelas

Vem e em teclas se enche no favo da inspiração

Tão cheia de vazios a se preencher que em digitais te adentrei

Vem e te assalta a noite o sedento colibri

Tira dela toda sua almiscarada dor

Mal sabe ele que por ela de quimeras me embriaguei

O dia era a lagrima de saudade que derramara por seu amor

Que por falta de sal no mar morto a desertei.

Há dias e dias... E como há dias sem os dias que há

Parecem que não existiram para aqueles dias...

Há tantos vãos nos desvãos desta agonia

Há tantos porões vazios nestas negras galerias

Só a prenhez das letras inunda a vida vazia

O que da arte sobra renasce da arte na esperança de uma nova cria

Quais detentos destes grilhões... Os dias!

Podemos-nos voar livres pelos céus da inspiração... Oh! Santa poesia.

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 04/04/2013
Reeditado em 07/04/2013
Código do texto: T4224181
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