Dúvidas
Oh! Desgraçado tormento, dúvida que me aniquila e consome.
De um lado um anjo ingênuo e fiel, porém do outro um demônio radiante e insaciável.
De um lado uma vida inteira: o paraíso, do outro poucos momentos, mas profundos e intensos.
De um lado a alegria de gerar frutos, do outro a felicidade de não os tê-los:
De um lado um chefe patriarcal,
Do outro a desonra de o ser...
De um lado o deslumbre do pôr-do-sol, pois do outro a desventura da noite ao vê-lo.
De um lado a dor do prazer,
No outro o prazer na dor.
Ah! Mais uma vez não posso conter-me. Confesso que me sinto perdido, diante de um extremo abismo, pois:
Se de um lado o “amor de salvação” que cura alma e a transita ao céu, do outro o “amor de perdição” no qual perder-me ei por longos tempos.
Mas de algo, meu caro amigo, tenha certeza, é preciso perder-se para depois salvar-se.
02/05/03
Clara dos Anjos