Redenção
Mitos da vida passageira
Que denuncia o vivente
Talvez a única maneira
De seguir em frente.
Sem pestanejar tão doente
Preso no calabouço da saudade
Eterniza a cena decadente
Num retrato cruel da verdade.
Nada nos tropeços soa maldade
Em desapreços ecoa eterno
O ontem não mais invade
A solitária noite de inverno.
Se seria ou não algo fraterno
Sem cabimento questionar
Indesejado solo do inferno
Em arrependimento há de pisar.
Em construção um novo altar
Seguro sob a fachada em ruína
Um banquete para ver e delirar
Aguarda temperada a velha sina.
A mesma canção vem e afina
Se calam todos no aposento
Soa a melodia heroína
A certeza joga ao vento.
O Altar rui em lamento
Preço barato a se pagar
Na fachada não mais o alimento
De faminto há de definhar.
Mitos da vida a cantar
O sobrevivente corre
Alimento é seu sonhar
Guarda antes que devore.