Sem Nexo
O que jaz em meu peito são cinzas
De um carvalho em flores
Que me banhava de sombra
Na minha triste infância.
O que trago são dores
Sentidas e escondidas
Em lábios e dentes alvos
Que sorriam por business.
O que trago nas mãos são feridas
Que conquistei enquanto escalava
A montanha mais imperiosa:
O monte da hipocrisia.
O que trago nos pés é terra
Das encruzilhadas e túmulos velhos
Nos quais enterrei os meus
Mais ilusórios devaneios e sonhos.
O que trago na boca são palavras
Que nunca serão proferidas
Por que as palavras que trago
São de alma bendita e sã.
O que trago na mente são monstros
Que me elogiavam e abraçavam.
Monstros de pele bem maquiada
De luxo e piedade extrema.