Sem Nexo

O que jaz em meu peito são cinzas

De um carvalho em flores

Que me banhava de sombra

Na minha triste infância.

O que trago são dores

Sentidas e escondidas

Em lábios e dentes alvos

Que sorriam por business.

O que trago nas mãos são feridas

Que conquistei enquanto escalava

A montanha mais imperiosa:

O monte da hipocrisia.

O que trago nos pés é terra

Das encruzilhadas e túmulos velhos

Nos quais enterrei os meus

Mais ilusórios devaneios e sonhos.

O que trago na boca são palavras

Que nunca serão proferidas

Por que as palavras que trago

São de alma bendita e sã.

O que trago na mente são monstros

Que me elogiavam e abraçavam.

Monstros de pele bem maquiada

De luxo e piedade extrema.

Izaías Serafim
Enviado por Izaías Serafim em 26/03/2013
Código do texto: T4209273
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