A Espera

Olhos estalados como dois ovos fritos

Saindo das órbitas

A imagem no espelho não releva a tempestade do teu pensamento

Não releva a tristeza de saber que estar ali é errado

Não diz o que você fez na noite passada

O corpo imóvel nem parece o mesmo

Que praticamente gritava há dois dias

Parece enfadonho, um quê de mormaço, de morfina, de ranço.

Rançoso também é o olhar a passear pelo quarto

Olhos vêem os sapatos de salto e bico fico jogados no canto

O vestido amontoado na cadeira

O cinzeiro sobre a cama repleto de bitucas de cigarros.

As garrafas e latas de cervejas caídas no chão

Cheiro azedo

De putrefação

De asco

De cela de cadeia

De crime

De vício

Um bater acende os olhos novamente

Que se voltam rápido para a porta.

O pó chegou.

Keti Sarom Scott
Enviado por Keti Sarom Scott em 26/03/2013
Código do texto: T4209111
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