DISFARCES

Quem me vê sorrindo nem imagina
Que seja apenas um disfarce...
Como artista a pintar uma tela
De cores mil enfeito minha tristeza
Faço a melancolia virar beleza
Cubro com brilhos meu pesar...
Como se uma atriz eu fosse
Desempenho meu absurdo papel
Como se o amargo fosse mel...
Faço de mim o esconderijo da dor
A morada do amor...
Cubro de ilusões meus anseios
Alimento, de sonhos, meus receios
Faço com a vida um abstrato pacto
Criando frases desconcertantes
Buscando prazer em distantes instantes...
Ah... encoberto riso de poeta
Palpável silêncio que me aquieta!
Então, basta um verso
Instigando o contrário, o reverso
Para que transcendentais idéias
Nasçam rebeldes, intensas,
E viajem soltas pelo infinito
De um breve e louco engano
De um silencioso grito!