Enfim o que eu quero.

Nenhum soneto...

Nenhum conto, romance, ou algo que o valha.

Nada.

Ela não me deixou nada, nem inspiração.

O vento lhe carregou da minha presença.

Seu perfume já não persiste em minhas roupas. Não resistiu ao tempo.

Lembranças ainda me seguem, como um vira-latas, ladrando aos meus pés.

Me incomodam,

Chuto-as para longe, mas sempre retornam,

insistentes,

alegres e tristes.

Ontem, rasguei seu numero de telefone de minha agenda.

De que adianta se já o tinha decorado?

Não ligarei, no entanto.

Pedi-lhe que me deixasse em paz e assim ela me deixou.

Felizmente.

Saiu de minha vida.

Queira o destino que seja definitivamente.

Certas coisas não tem retorno...

A palavra dita, a flecha disparada.

Super-bonder não cola corações partidos nem confiança estilhaçada.

Um dia o amor acaba.

“An early taste of death is not necessarily a bad thing.”, Bukowski disse.

Nada mais preciso…

Eu tenho esta tendência de morrer junto com meus relacionamentos.

É uma constante.

Em geral acontece de forma brusca, como se levasse um tiro, ou caísse de uma grande altura.

Não há tempo para despedidas ou lamentações. É simplesmente morte.

Desta vez não.

Sinto como se a vida fosse roubada de mim aos poucos.

Sinto como se minhas veias aos poucos cedessem ao chão o sangue que me mantinha vivo.

Da mesma forma, ela vai morrendo aos poucos em mim.

Uma sensação angustiante,

porém um alívio.

Pensei em escrever-lhe uma longa carta,

para que ela lesse e soubesse,

para que sentisse um pouco do que sinto.

Mas que bem isso traria?

Nenhum...

Nem para mim, nem para ela.

Teitei por um tempo me distrair focando minha energia em coisas estúpidas,

dando atenção a pessoas estúpidas,

mas cansei.

Hoje, prefiro a solidão e uma garrafa de bebida.

Prefiro o barulho da cerveja despejada em meu copo ao som de vozes femininas.

Das cobranças que vêm junto com seus amores.

Algumas abrem-me as pernas,

outras abrem junto os corações,

Mas sempre canso-me.

Poucas conseguem ser sinceras.

Cobram de volta cada minuto que me oferecem.

Cobram coisas que eu não posso dar.

Dissimulam, mentem, fingem...

Se para mim era intolerável que a mulher que tanto amei, que teve meu coração nas mãos, fizesse isso, não faria o mínimo sentido aceita-lo de outras.

Portanto...

Danem-se!

Se me querem, sejam autênticas.

mesmo que sejam falhas, deformadas, quebradas,

como a essência desse poema...

feio, amorfo, porém real.

Quero o genuíno,

mesmo que podre...

Isso!

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 06/03/2013
Reeditado em 14/04/2013
Código do texto: T4174356
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