Menestrel maldito

Ser poeta não é benção

E nem parece ser um dom.

Mal que vem pra bem

Ou bem que venha para mal?

Quem dera eu visse

As coisas como elas são...

Mas não. Tenho que ver

Às avessas, as instituições.

Se ao menos eu pudesse dizer:

Pau é pau, pedra é pedra.

De que me adiantaria falar

Do que todos sabem?

Ou saber do que todos falam...

Minha função é tocar a ferida

Ferir mais ainda a maldita.

Fazer jorrar o sangue do espírito

E colher em salvas de prata

As lágrimas da alma...

Pela vontade reprimida,

Pela coragem contida,

Pela dor, pelo amor; ou ainda,

Pela própria insipidez do sabor.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 04/03/2013
Reeditado em 04/03/2013
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