Entre os hiatos de nossos pensares
E os abismos de nossas vidas
Descortina-se o humano
Completamente nu
Sem a sombra do tempo
Sem a maquilagem da história
Sem a proteção de qualquer memória
Do passado ou do futuro
E o que lhes resta, oh senhores?
Senão a tabula rasa do agora
E uma vontade de poder
Poder amar e sobrepujar
A própria criação que te fez
Esse corpo sem órgãos
Esse ovo cósmico
Interpenetrado de infinitos fusos
Onde Artaud e Nietzsche
Gritam de seus sanatórios:
Esvaziam-se todos os órgãos!
Libertem seus deuses!
ACCO