Um grão de esperança

Olá dona onda!

Sei que não és a mesma

Mas ages quase como se o fosse

Como tuas irmãs, me levas...

Sem nem saber se alguma outra me trará

Sem se importares como meu destino de joguete

Se me acomodarei aqui ou rolarei sem rumo

Sem ouvires o meu monólogo de lamentação

Sem te deteres cedendo a qualquer fagulha de piedade

Te esqueces que sou uma das partículas que te apoiam

Que sem nós não te deitarias suave e espumante

Quebrarias sobre as pedras te despedaçando em brancas espumas

Não reconheces a dependência que tens de nós, os grãos de areia

E te arvoras insinuante e manipuladora determinando o nosso destino

Quem sabe seja o volume que tens por trás que te dá esse orgulho

Ou mesmo o aventureiro e intempestivo vento que te açoita

O fato é que só eu faço as empatias

Enquanto, insensíveis, tu e tuas companheiras determinam o meu destino

Pudera

Se deixas tuas próprias filhas, as gotículas ao abandono

Infiltrando-se desesperadas por entre nós

Por que então te preocuparias conosco?

Espero não te ver nas próximas horas

Até lá, quem, sabe um solado amigo me resgata

Leva-me a conhecer outros mundos

Ouvi falar que há um onde ficamos quietos e secos

Onde plantas verdes nos enlaçam e dão proteção

O que me mantêm é essa esperança

Só preciso conservar essa posição

Por isso deixa-me ficar aqui

Não me leves

Só me laves