DE ALMAS

NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 21 DE FEVEREIRO DE 2013

Sinto

quando a tua alma

põe em dúvida

a minha alma

se afasta para a distância

eu sinto

quando a tua alma grita

nestes silêncios

impossíveis de ouvir

que me ecoam

alma minha (?) adentro

paredes tuas

que me ecoam

a tua alma

nesse desespero

de me negar

de se afastar

de partir

de quebrar a ponte

de instaurar abismos

aí, onde estás(?)

aqui, onde estou(?)

nesta ausência que inventas

inútil, sempre inútil cirurgia

a tentar separar

as irmãs siamesas

essas almas perambulantes

intercambiantes

por dois corpos

que o que são(?)

de quem são(?)

partilhadas

ainda(?)

desrrealidade

desenrealidade

algo como uma

mútua alucinação

em mim

como em ti (?)

Como se não...

“Alma minha gentil...

que te partiste (?)

Ah, Camões!

essas almas que não partem

que não se partem

jamais

apesar do corvo de Poe

a repetir, ad nauseam:

“Nunca mais”.

Ah, alma minha

que não tem

jamais

como

nem para onde se exilar!

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