Insônia

O universo comigo zomba

Logo traz mais uma bomba

Nesses dias cheios de chuva

Nascem duas aftas em minha boca

Isso não é bobagem pouca

E coube como uma luva

Eis que surgiu maldita gripe

E eu escuto o som de um bipe

O que me faz acordar

Mais uma noite que não cala

Vou andando até a sala

Sem parar de espirrar

Estava tudo tão escuro

Num breu total e puro

E me punha a caminhar

Quando bem na madrugada

Com a canela dou uma topada

Na estante a oscilar

Mordo o lábio num reflexo

E pasmei, fiquei perplexo

Eu mal pude acreditar

Pois mordi minha ferida

O que logo em seguida

Deu vontade de gritar

Não bastasse a dor que já sentia

Para minha agonia

Ainda vem me assolar

Pensamento tão imundo

Escondido lá no fundo

Para meu sono roubar

Escrevo então tal poesia

Logo vem raiando o dia

E já não posso dormir

Seja no corpo ou na mente

A dor segue sempre em frente

Não tenho mais pra onde fugir.