UM LOUCO... VIAJANTE!
O trem
Daqui partiu
E eu nem vi...
Ando tão descarrilado
Que nem sei!
Se não fui!
Como é que cheguei?
Sei lá... Não sei,
Só sei que aqui estou
A esperar na estação!
Do tempo que passo
Passam os trens...
E eu nem fui,
Pra onde... Não sei!
Talvez seja
Com a brisa do mar,
Ou com as ondas
Mansamente a navegar...
Quiçá,
N’outro lugar
Pelas encruzilhadas da vida,
Ou numa ala colorida
D’uma bela escola de samba...
Nunca seja
Por debaixo de uma tenda,
A deriva ou a contenda...
Abalançando-me a sombra
Sobre as pernas numa corda bamba!
Ou desatinado... Alado
E fugaz sobre as patas de fogo
D’um célere alazão,
Desbravando com loucura
A vida... Como num jogo!
Será com os meus óculos
Pendentes na ponta do nariz,
Assentados sobre o tempo sem ação...
Ali mesmo, por detrás da imaginação?
Ou seja, quem sabe ainda serei feliz
Sabendo que outro trem irá passar
A comboiar-me daqui pra outro lugar
Que seja belo assim, como um chafariz!
O trem partiu... E eu nem vi!
Autor: Valter Pio dos Santos
Fev-2013