AGORA

Não me pergunte
As horas
Se fico
Ou
Se vou
Se não me explico
Se multiplico
A loucura
Não me pergunte
Se sou
Por fora
O que sou
Por dentro
Se creio
Em um amanhã
Sem rasuras
Eu palmeio
É o agora
E o meu agora
É devaneio
Um poço cheio
De densidade
Não sintetize
A minha intimidade
Não analise
O meu comportamento
Não deslize
O seu olhar reprovador
Não ajunte
Os meus pedaços
Deixe-os no chão baço
Não me faça promessas
Não me peça
Para flertar
Com a lucidez
Há lúcidos à beça
Por aí
Me deixe aqui
Na estreiteza
Da via
Na via
De incertezas
Com a minha dor
Muitas estranhezas
E alguma poesia.