DESASTRE
Tudo apagado!
E baratas arranham pele e osso!
Ratazanas carcomem cerne e tino!
Há cegueira de cor, há escuridão!
Audição aguçada para os gritos!
Saraivadas das ácidas invejas
jorram sobre o percurso esburacado
de uma vida tingida pelo enfado,
de derrotas seladas pelo medo.
Tudo seco!
Pandemias de febres, cancro, cólera
na cratera de vermes asquerosos,
troncos ocos pendidos rente ao chão
que fervilham serpentes caninadas.
De amplas asas!
Surra a vida, pendura o corpo à corda
toda podre de planos estuprados
e o derrete aos pouquinhos, gota a gota,
feito plástico ao fogo, que arde e marca.
E mutila!