a moça

Ela estava de frente pra janela,

de costas para mim,

ela observando a rua

eu observando ela.

A noite fora longa pra nós dois

exausto, mas feliz, mostrei-me homem,

a satisfazi.

Aquele momento parecia infinito,

não havia depois.

Éramos só aquilo,

duas aquarelas,

dois astros,

certamente dois sóis!

As nádegas mais macias que plumas

ainda com um leve vermelho

da marca da cama.

Vislumbrava aquele perfil

pelo reflexo do espelho

Que refletia além do seu corpo

os primeiros raios do dia,

o crépusculo chegava.

Ouvia também, o triste jornaleiro

que certamente invejava

não estar na cama num domingo.

A perfeição condensada daquele momento

quebrou-se.

Foi como um prego enferrujado

caindo no chão opaco

fazendo barulho e deixando a marca do ferrugem.

A bela dama da qual nem o nome eu sabia

jogou-se do quinto andar do motel barato

Sai ás pressas pra comprar cigarro

A polícia em breve chegaria.

Luiz Felipe Dellosso
Enviado por Luiz Felipe Dellosso em 26/12/2012
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