a moça
Ela estava de frente pra janela,
de costas para mim,
ela observando a rua
eu observando ela.
A noite fora longa pra nós dois
exausto, mas feliz, mostrei-me homem,
a satisfazi.
Aquele momento parecia infinito,
não havia depois.
Éramos só aquilo,
duas aquarelas,
dois astros,
certamente dois sóis!
As nádegas mais macias que plumas
ainda com um leve vermelho
da marca da cama.
Vislumbrava aquele perfil
pelo reflexo do espelho
Que refletia além do seu corpo
os primeiros raios do dia,
o crépusculo chegava.
Ouvia também, o triste jornaleiro
que certamente invejava
não estar na cama num domingo.
A perfeição condensada daquele momento
quebrou-se.
Foi como um prego enferrujado
caindo no chão opaco
fazendo barulho e deixando a marca do ferrugem.
A bela dama da qual nem o nome eu sabia
jogou-se do quinto andar do motel barato
Sai ás pressas pra comprar cigarro
A polícia em breve chegaria.