Despedidas
Tenho olhado o mundo com os olhos da ingenuidade
a cada instante do instante despeço-me das horas
segundo abstrato, volátil
gira o mundo sem trégua
Despeço-me do sol que brilha e aquece
Minha alma é um instante abstrato
onde as vezes reporto-me para reconditos que inexistem
lugares que redescubro o meu eu
Minha vida intensa e mórbida
face metamórfica, olhar que vagueia
sem rumo, sem glória.
Intrusos que passam, não
compreendem a extensão do meu ser
Despeço-me de sonhos que outrora
enchiam meu peito de força
E quando finalmente cair
não olhem com piedade
este corpo pequeno
morto e triste
porque estará se cumprindo
a única profecia da existência
Minha alma será um pássaro lívido
voando no cerúleo do céu
e todos as lembranças de uma vida humana
serão apenas estórias ruídas pelo tempo