Não Sou...
Não sou poeta,
sou escritor de torpes palavras,
sou um ser que foge aos próprios sentimentos,
sou brisa que logo passa e vai embora.
Não sou homem,
sou somente criança que nasceu sem opção de viver,
sou tão existente quando o amanhecer,
sou lúcido como a insanidade.
Não sou montanha,
sou lama e assim que faz sol me solidifico e mudo,
sou poeira de mortos que se espalha ao vento,
sou eterno como somente a poeira pode ser.
Não sou poesia,
sou somente uma folha em branco,
sou somente uma assinatura no final da pagina,
sou somente a linha que cruzam os versos.
Não sou pessoa,
sou somente o numero de registro que carrego,
sou apenas o cartão azul que me deram,
apenas aquilo que carrego no bolso.
Não sou amor,
sou unicamente alguém que busca respostas,
sou somente aquilo que expressa o que outros sentem,
sou somente a sede de sentir algo maior do que eu.
Não sou sorrisos,
sou somente a mascara de humor que esboço,
apenas o medo de fingir um sorriso verdadeiro,
sou as lágrimas que carrego em oculto em meus olhos.
Não sou brincadeira,
sou usado como boneco e colocado na estante,
sou somente risos infantis de quem não passa do esconde-esconde,
sou unicamente uma coisa que não faz algo importante.
Não sou definição,
sou apenas regras ilusórias,
somente padrão comercial,
sou somente o anuncio que estampo em meu peito.
Não sou desenho,
sou apenas traços perdidos,
unicamente uma marca de tinta em meio ao papel transparente,
sou apenas o spray que há muito está sem tinta.
Não sou poeta,
sou somente a dor do amor,
o sofrer que aguarda,
o silencio que espreita.