O rei dos burros
Pergunto por ser burro, por ser quadrado
Por não saber se sou o coice ou só um pobre acoiçado
Sequer distinguir o que é redondo ou arredondado
E andar sempre em círculos formando sempre um quadrado
Inquiro sim, sou coco seco e dos mais cascudos
Só não sei se o da cabeça-dura ou, simplesmente, o cabeçudo
Talvez um casca-grossa, um bagaço de coco, um bruto
Que cai do coqueiro e rola, rola e rola... Tão coco...
Mas, só não quebra de tão duro!
Ah! Questiono! Questiono! Questiono!
Sou louco! Sou louco! Sou louco!
Daqueles bem malucos; tolo que, calado, fica rouco
Espécie de retardado que se adianta na frente dos outros
Só pra chegar atrasado e ser o primeiro a chegar por último
Mas, interrogo só pra ser chato, não por ser curioso
Sou aquele velho disco arranhado
Que se repete e repete enfadonho
Um velho vinil quebrado, sem concerto, sem banda, sem coro
Que, sem vitrola, sem público, sem sono
Geme desafinado e sem gosto