Calem-se as poesias

Todo feitiço.

Ungüento, praga,

Maldição,

Escrito por métrica

Livre, Sáfico, Dátilo, Helênica

É poesia, é tragédia

É solidão

Tristeza histérica

Verme e chaga

Triste conto de mito

Religiosa crença

É poesia, cansada, maculada

De tristezas contínuas

E desejos frustrados

É poesia morta e enclausurada

Decretem a proibição,

Poesia é um crime,

Uma total perdição.

Cacem os malditos que espalham as dores

Esses poetas, com suas angústias, seus clamores

Matem-nos, queimem-nos, não lhes dê ouvidos

São sonhadores, sem esperança, temidos.

Enterrem-nos em uma pacata curva de rio,

Onde se formem borras de barro,

Manchando nossas lápides de um esquecer frio,

Salgue a terra ela não merece esse fardo.

Infértil memória,

Cerquem a tumba

Apaguem a história

E assim o mundo caminhará por veredas seguras,

Com histórias incentivadoras, felizes e puras,

Longe da dor, da maldição da palavra,

É só na ignorância pacata que o homem não ladra.

Elias Vilas
Enviado por Elias Vilas em 15/11/2012
Reeditado em 15/11/2012
Código do texto: T3987859
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