Assassinos de poesias

A gangue dos assassinos de poesia,

Saiu pelas ruas disposta a matar;

Pisando o mínimo resquício que via,

De inspiração encanto, ou magia,

Plantando a fria fealdade no lugar...

Arrancou tulipas, gerânios, matou aves,

criou fumaça para esconder estrelas;

trocou motes poéticos por entraves,

deixou diversas pautas sem claves,

buscou musas pra também abatê-las...

Fez anúncios de músculos e metal,

e pornografia nos seus outdoors,

cambiou sinfonia, batucada infernal,

convenceu deusas que carne é legal,

e a vitrine do açougue é bem melhor...

Então as flores decidiram ser frutas,

Quando não eram destinadas a isso;

Glamourizaram a aparência fajuta,

Enobreceram a classe de prostituas,

E nobreza atrai, como um feitiço...

A presumida plêiade de poetas mortos,

Aumentou em muito a sua produção;

Pensaram tirar dos barcos os portos,

Estragaram caminhos deixaram tortos,

Mas restou ao vates, ainda o coração...

Dizem, vampiro carece bala de prata,

A única que ao bicho se revela letal;

Poeta sobrevive mesmo entre sucata,

Gera filhos que o tempo não mata,

Saibam assassinos, poesia é imortal...