O funeral do poeta

Enviaram flores ao funeral do poeta,

o ministro esboçou o melhor sermão;

Por ser mão que abdicou da caneta,

deixou uma sala, de viúvas, repleta,

dizem que foi por culpa da sua musa,

que reteve as chuvas secou a eclusa,

e assim, furtou toda sua inspiração.

Todos vestiam terno escuro a caráter,

por respeito à comum consternação,

ternura não tem preço, desd'o estáter,

mas, desencanto devolve a terra máter,

tendo cantado belezas, de corpo e alma,

nos arroubos poéticos e até na calma,

versou a identidade de muito coração...

Último beijo antes de cerrar o esquife,

e a musa desfilou linda, empolgação;

eis a carta mágica que completa o pife,

uns dirão que foi logro coisa de patife,

outros, quererão que a santo consagre,

sei lá se foi embuste ou mesmo milagre,

fato é, que o finado, se mexeu no caixão...