Vulcano
Vejo o vulcão aquecer a cama
com fogo verde azulado, lavas de estrelas reluzem
trazidas na ventania em raios de cristais.
Os riscos no corpo derretem o lençol...
Na luminescência da madrugada retine
o sino d’ouro badalando a torre...
O castelo é um entalhe da noite refrescado no orvalho...
Sai um suspiro do sonho
Transpasso o equador na aurora boreal
Danças em cores polares de tons fúcsias
rabiscam o cobertor desmaiando a flor no galho murcho
Luzes...
Luzes varadas no bordado
da janela festejam com as folhas
do cipreste as sombras.
Vultos em cadeias tocam-me os pés
Cai uma gota gelada e o lábio sorve sedento
a seiva da flor chorosa
A palavra molha na cantiga navegante de versos
Um choro, uma lágrima dispersa
se acalanta num peito aberto...
Cai uma gota gelada e o lábio sorve sedento
a seiva da flor chorosa
A palavra molha na cantiga navegante de versos
Um choro, uma lágrima dispersa
se acalanta num peito aberto...
Fito a saudade com olhos abertos
Sorrio...
Sorris também terno
O toque na pele
tem dedos de lavas derretidas do vulcão
agora vermelhas sem o azul da estrela
Lavam-me queimando a ilusão
A constatação vira convulsão
Na confusão o pesadelo...
Acordo e sofro...