A mortalha

O cheiro da morte é inebriante

Sou o rei, o conquistador

Do meu peito morto e o coração errante

Sorvendo do vazio o júbilo da dor.

Putrefato é o odor da vergonha

Prazeroso é o sabor do beijo

Na próxima vida, quem sabe disponha

Do amor, meu licor de desejo.

Finas sedas para a defunta rainha

Sedosa mortalha que já não é minha

Minha, um dia minha,

Mulher, morte, vida, sorte e desespero.

Amor.

Deito-me em seu leito sepulcral

Deleito-me no desejo carnal

Da faca pinga o sangue, sua dor

Que em meu coração proclama o pacto fatal

Fúnebre amor.

Isabella Cunha
Enviado por Isabella Cunha em 30/10/2012
Reeditado em 30/10/2012
Código do texto: T3960524
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