A mortalha
O cheiro da morte é inebriante
Sou o rei, o conquistador
Do meu peito morto e o coração errante
Sorvendo do vazio o júbilo da dor.
Putrefato é o odor da vergonha
Prazeroso é o sabor do beijo
Na próxima vida, quem sabe disponha
Do amor, meu licor de desejo.
Finas sedas para a defunta rainha
Sedosa mortalha que já não é minha
Minha, um dia minha,
Mulher, morte, vida, sorte e desespero.
Amor.
Deito-me em seu leito sepulcral
Deleito-me no desejo carnal
Da faca pinga o sangue, sua dor
Que em meu coração proclama o pacto fatal
Fúnebre amor.