Castelo do Mentecapto

A cama quente sob as costas

Devaneios livres no vácuo da mente

O conselheiro, que nunca dorme

Desperta o homem-trapo de repente

Cansado do martírio

Tenta ser quem era antes

Mas os choques que o cegam

Permanecem lancinantes

Distantes... eles se perdem

Aqueles que um dia amei

Preso firme, duas vezes

Fito o cartão que ganhei

As letras manuscritas

Misturam-se sem parar

A dor de cabeça volta

sem aviso, a me tomar.

Água, cápsulas e uma cadeira

Decoram o cômodo

Sento-me, sem sono

Novamente a viajar

E gritos vibram a porta

Som que já é rotineiro

"É apenas seu destino"

Faz-me crer o conselheiro

A claridade que entra

Traz um fio de esperança

Mas depois, logo me lembro

Devo a ti minha fiança

Fiança do tormento

Do sopro de morte

E tento, tento de novo

Nem mais conto com a sorte

Vem mais um dos turbilhões

As mãos trêmulas agarram na cama

Caindo sem me mover

Resisto ao perder, que clama

Em chama, volto a mim

Imploro pelo sossego

Que espero um dia no fim

A palidez retoma-me a face

Que de tanto tê-la, corou

No castelo do mentecapto

Mais uma noite chegou.

Deperiret Sonus
Enviado por Deperiret Sonus em 21/10/2012
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