DEVANEIOS

Perdido em mil devaneios,
Fui as curvas das sombrias sendas,
O gesto de amor, a oferenda,
O acorde em tom maior, o ponteio,
A ruptura, a loucura estranha,
O voo solitário de um pássaro,
O lábaro, o desejo de liberdade,
Fui o mistério existente na montanha,
O dizer de versos raros,
Um universo de (im)possibilidades,
A nuvem brincando com o vento,
A reticência, a interrogação,
A junção de plenos sentimentos,
O momento de explosão,
Fui o inferno de Dante,
A visão do paraíso,
O depois, o agora, o antes,
O ar baço, o traço torto, impreciso,
Fui quase tudo nessa vida,
Tantas coisas, tantos seres em um só ser,
Mas, hoje há uma alma recolhida,
Não fui capaz de te esquecer.


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SÚPLICA

 Este amor que vive em mim,
me faz delirar, só loucura,
não aceito a ruptura
que nos separou assim.
No universo sem versos
que, agora, eu habito,
só há dilema, conflito,
interrogações e senões.
Divisei o Paraíso,
porém é no inferno que vivo,
escorregando caindo,
chorando, às vezes sorrindo,
em constante solidão.

Minha alma desvalida,
te suplica arrependida,
vem traz o que levaste,
aquilo que me roubaste:
devolve o meu coração.

(HLuna)