Cavaleiro desandante II
Sem pintura, caiado e tosco,
desarmado até às dentduras,
De armadura dura de roer,
Lá vou eu...Entre lamas, alamedas,
Pedras e vidraças que não se dão;
Porém, tão polidas e silenciosas...
Refletem senhorinhas forjadas na TV.
Cabeças duras como a rocha,
Rôxas, de luxo e lixo amalgamadas;
Por detrás de meu escudo enferrujado
Vejo você, você mesmo, que se diz traído,
Rodopiando no mesmo redemoínho que eu.
Meu silêncio, ofuscado pela guerra,
Não se cala, dele, e dificilmete se fala.
Vamos lá, alguns passos a mais
Pra quem é de ferro não é nada;
Então vejo vestidos, calças, calções
E imensas calçadas;
Dentro e sobre elas, as pessoas estão nuas
E fingem não saber de nada.
Lágrimas despencam silenciosamente;
Ninguém viu, ninguém chorou.
Vidas roubadas à conta gotas
Pelos vícios dos seus vinícius;
A alegria, de tristeza discimulada, não diz nada;
Borrada com caros cremes, caras mesas,
Mas as caras são as mesmas.
Rocks, pops ou até mesmo as sertanejas.
Todos são o que não são, ninguém é nada não.
Um pedaço de carne que se olha no espelho;
Todos, sangue é vermelho, azul?!
As comidas, ainda não comidas,
esperam nos mercados.
Mas as latas de lixo, também são bem quistas
Visitadas pelos que não mencionamos.
É aí que minha couraça se despedaça!
Cristãos , budistas e aiatolás
Atolados no mesmo barro? Que sarro!
Acendo um cigarro, me sento e penso:
-Nem uma armadura é uma arma tão dura
Que dura para sempre...
A Espada nua e crua da verdade
Espeta minha alma, verdadeiramente nua.
Natural... Para um espírito que vaga
Incauto e sozinho meio perdido de lua em lua...