Máquina que maquina

A máquina que me leva não é nada;

São roncos, latas ferros e borrachas

Porém, trazem em sua têz

O peso do que sou.

Logo, valho o quanto peso;

Meu peso em ferro, barulhento,

Velóz e assassino.

Assim sou eu. é o meu destino.

Nem sei em que esquina me abandonei;

Em qual encruzilhada espera o meu caráter;

Talvez em algum semáforo que nunca se abre;

Quem sabe, lá no fundo,

Lá no coração que ainda pulsa,

Não haja repulsa de nada que seja humano;

Quem sabe um dia eu reapareça

antes de algum jantar,

Cansado e com fome de ser homem,

Sedento de silêncio e de lua...

Tomara que nesse momento

Eu não tenha borrado

Meu céu de feia fumaça;

Então pecisarei me desfazer.

Uma vez desfeito, quem irá me reconhecer?

Certamente, em algum azul de fundo,

Num infinito a derramar pessoas,

Nessa torrente, eu caia numa torneira

Como água a jorrar,

A lavar as mãos de qualquer serafim

Que queira deslavar a própria cara

De ter me condenado a ser

Tão vulgar, tão irreverente e tão errado assim.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 05/10/2012
Reeditado em 12/10/2012
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