GRITO
 
Tão logo acendido, voltei-me raivoso ao teu pedido...
Pois me causa desprezo... Toda esta tua sandice...
Todo este desvairado apego...
Calas tua voz no tremor desta paixão sedenta...
Eu, senhor de mim, sou requisitado...
Sombrio venho golfando versos e rimas febrentas...
despertas apenas ao toque do meu espírito... Maldição !

Santo suplicio em pestilento chão...
Que não reste pedra sobre pedra
Cai por terra este feitiço maligno de perdição...
E para que o fim seja o que premeditei...
Deixo o manto pesado do orgulho
E solto o chicote para que se vá aquele que dominei

Rasgo a veste e me desnudo de tudo que fui
Queimo os pergaminhos, me livro da dor de ser traído
E me afogo no mar de sangue que criei...

Sim... Entrego minhas costas para o castigo...
Apliques em mim todos os instrumentos do sagrado martírio...
Aperte em minha pele o cilício.

Acalme tu ‘alma e a fome de teu querer...
Rasgue-me a pele...Descreva com tua boca
Minha covardia em deixar tudo o que tinha se perder...

Estou na penitência de teu amor...
E me entrego a tua gana felina...
Que escondes neste choro fingido de dor...

Estou em penitência uma vez mais...
Julgo da sombra, homem capaz de amar...
Alivie teu coração e externe tuas magoas...
Venho eu...Servo humilde em busca de teu perdoar...


Perdão é o que podemos um ao outro ofertar...
Pois o tempo já se foi... A cruz quebrou-se...
O vestido pela traça foi devorado...
Não existe razão em sofrer neste ato passado...
 
 

Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 23/09/2012
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