PESADELO
PESADELO
Dia cansativo,intenso
Negou-me o tempo que eu precisava
Para escrever
Nada escrevi hoje.
Nem aquela poema carinhoso
para um poeta mais carinhoso ainda
Nem aquela ira disfarçada de compreensão
Nada, nada escrevi
Nem sonhos nem desilusão
Fechei as pálpebras,
amanhã os papéis irão se ver comigo
seremos unha e carne,corpo e alma.
Vestiremos as fantasias,brincaremos e ...
SOCORRO, as letras sumiram!
Não as vejo em lugar nenhum...
Olharei dentro da geladeira,
Às vezes distraidamente se esquece chaves,
Celular, e porque não letras?
Nada..não estão lá...
Vou fazer um poema sobre esse sumiço
Meu Deus o que é isso?
da minha pena também não saem letras,
Nem dos lápis coloridos
que tomei emprestado da minha filha
Irei ao meu computador
Ah lá está o meu fiel teclado!
Teclo, teclo e a minha tela...
em branco
Sei que pequei, mas nem tanto...
O cabo USB está ligado, tenho certeza disso...
Tento e vejo que não tem jeito
Mas não me rendo
Farei poemas com letras recortadas
Dos jornais velhos,
E se tiver coragem,
até dos livros que não gostei...
E nessa agonia
Percebi que essas a páginas
Estavam também todas em branco,
sem letras
com pranto...
desesperada corri para guardar
ao menos as letras mortas do teclado
Fiz um quadro
Pendurei na parede as letras do AMOR,
É que não posso repeti-las , só tenho este teclado...
E agora que farei para expressar as minhas emoções?
Ah que alívio, tenho curso de artes cênicas
Acabo de ver a notícia no rádio,
Já que não ouço televisão:
“Fechados, fechados todos os teatros...”
E agora , não sei desenhar,
muito mal sei dançar e agora?
Vou ter que aprender!
O rádio novamente me tortura os ouvidos:
“Proibiu-se qualquer tipo de arte no planeta”
Definitivamente era o fim de todas as letras
e eu, o que farei com as minhas emoções?
Morrerei? ou as viverei na vida?
Acordei!
Poema inspirado em um diálogo com um colega da aula de teatro sobre a eterna questão:”A vida imita arte, ou a arte imita a vida? Penso que seja uma pista de mão dupla!