Devorado
O que dou para o mundo é tudo que não recebo...O abdicar de meu “eu” inteiro...
Impedir assim a sordidez do apego...
Um pouco mais de paz, um pouco mais do tudo...
Mas do mundo... Nada... Segue a falange necessitada
E sempre para minh’alma devolvem desrespeito...
Salteadores perenes das almas que anseiam liberdade...
E por meus amigos sou diminuto de coisa alguma
Eternamente minha soma será feita de metade.
De alguma forma vivo incólume...
Escapo por minha verve...O fruto de minhas ilusões...
E por tantas vezes escapo pelos meus olhos
Ferido...Inócuo...Perdido em minhas paixões...
Incontáveis vezes... Traidor de mim mesmo...
Sufoco minhas verdades...
Morro cada vez mais e sempre
No recesso benéfico de minha real vontade.
Assim é a vida a gosto de um mundo de perversos
Neste estado busco fôlego
Nos aludidos e desnorteados versos...
Deixo-me roubar por caridade...
E em nome da compaixão
Bebo, como, espalho falsidade
Meu espírito já não é seda pura
É linho grosso e cru, rasgado a unha...
Trapos de mentiras
Repartidos entre esfomeados
Que se enforcam na alma dilapidada em Tiras...
Eu que já fui loquaz... Perco minha voz
nada tenho a dizer, em nada essa feita me compraz...
Incontáveis vezes a margem da demência...
Tantas roupas... Tantos métodos...
Para cada dia uma veste...
Um nome, um propósito discreto...
Quero ser devorado sem mesura!
Ser colocado em praça publica
E sem vergonha expor minha pele nua...
-Mas ainda me assustam os enamorados...
Tenho muito errado... Não por maldade...
Erro por lealdade...
Pois errar parece mais oportuno que acertar!
-Tudo isso é por ti “alheia felicidade”...
Em minha insana forma de fazer o certo
De bom grado dou-me ao Diabo...
E então... Aos meus olhos, reduzido sou
Ao tamanho inglório de um inseto.
Caso mostre o devorador oculto de minh’alma...
Serei ígneo pavor, suscitando a minha volta o receio...
Por isso digo, que errar comigo é fazer a outro o certo...
Então... me prendo...Me escondo, me condeno...
Assim...Eu, prisioneiro de meu “eu” inteiro...Liberto...