Monstro
Monstro
Ó criatura, deixas-me
Em paz.
Não me afundes
Em amargura.
Sou presa ferida,
Procuro alegria,
Qualquer coisas desssas
Que me fazes sorrir.
Ó viril predador,
Resguarde suas garras,
Contenha suas presas,
Controle tua fúria.
Imploro piedade,
Chega dessa maldade,
Estou prestes a chegar
Num abismo sem fim.
Chega! não me faças
Decidir, se me liberto
Ao cair, ou
Se me ponho a resistir.
Pobre de mim,
Que mau consigo decidir.
Ou o amanhecer,
Ou o anoitecer.
Se fraquejo,
Sou dilacerado.
Este monstro que
Surgiu de mim.
Este projeto
Quimérico.
Ousou se sobrepor
À mim.
Contudo és próprio
Que estou a desistir,
Sem ninguém a lamentar
Por mim.
Este ser incompleto,
Este espectro sem coração
Este mártir desajeitado.
Um fantasma a penumbar.