Notívaga
Estrelas de gafanhotos
Na caixa de veludo negra.
Ela desce as escadas
Perspassa o silêncio
Negro da casa.
Pensamentos derramam-se
No soalho da sala
Caem sonolentos
Sem fazer ruído.
Ela arrasta a barra
Da camisola pelo chão
Pés nús sobre o gelo
Não se consola...
Cabelos crescentes
Se enrolam silentes
Envolvem-lhe as pernas
Prendendo-lhe os passos.
Notívaga e asmática
Ela medita sem pensar
Na fumaça de mais um cigarro
Que serpenteia-lhe a mente.
O dia cansado,
A noite carente,
Madrugada quieta
Notívaga - e demente.