No Fim da Forca
Esta noite é tão quente e suave
Nascer do dia já lhe dou adeus,
Ouço o piar de uma negra ave,
A minha alma entreguei a Deus
Em lágrimas apenas eu te vejo,
Ao redor do dia tão nascente,
Sol ver-te foi meu ultimo desejo
Quando me vendi à serpente
Ontem sentei a mesa do diabo,
Não pude enxergar a pálida luz,
Agora esse meu fardo pesado,
Tomo-a como a minha real cruz!
Com tristes emoções eu canto,
Minha canção junto à lápide,
Já me queima a face o pranto!
Da víbora negra a áspide!
Contemplo a visão do calvário,
Observo em volta a escuridão
Fui pela existência um falsário
Agora bate lento meu coração
Talvez tivesse eu outra sorte
Se o padre abençoasse a partida
Vejo esse meu lugar de morte
Direi um adeus como despedida!
Enfim um nó agora retorço,
Queimarei sempre sendo eterno
Em volta de meu pescoço!
Irei às profundezas do inferno!