FATO VERÍDICO
FATO VERÍDICO
A poética é-me laboriosa nesse presente de paz dolosa
Nuvens enxertadas de chumbo são-me coriza habitual
O sol colorido ceva o fígado em constrição gulosa,...
Arroto o caos dos meus órgãos no palato da dor corporal
As letras saem da lembrança espirrada na seca tosse
E a febre é o termômetro hipotermal do tino sem posse.
Estou em colapso, sinto o coração bater no dedão do pé!
Pernas tremem orquestrando uma sinfonia de candomblé
E a respiração ofega no gás carbônico do meu cigarro.
Diz-me o cientista, médico que porventura é meu primo
Que os meus prazeres fazem-me um coquetel de desarrimo
Oras bolas! Se a vida é o lar da morte na gripe que escarro
Porque vou privar-me da morte que é a vida hipocondríaca?
Não temo essa venturosa! Meu medo,... É morrer de medo.
Todo céu é um inferno, e a mente, é uma ilha paradisíaca
É o monopólio da razão inquestionável e sem degredo,...
Isento de superstição, simpatia, macumba e hipócritas crenças
O mundo há de se conscientizar que é amásio de suas doenças.
Suo os versos que aqui vomito na insistência de manter-me são
Escoro meus parágrafos na detenção da leishmaniose de um cão
Verto-me em diarréia, estou em evaporação, felicidade insípida
Das reticências interrogadas que exclamam essa veracidade...
Sou cônscio que minhas linhas complexas carecem de docilidade
Mas,... Não te avisaram que a infelicidade é insone, pura e ríspida?
CHICO DE ARRUDA.